sábado, 3 de agosto de 2013

Jornada Mundial da Juventude - Rio de Janeiro 2013


Encontro com o Papa, encontro comigo, com o irmão e com a vida.


Desde o momento que eu me preparava para ir à JMJ, senti algo diferente. Tudo o que fazia estava voltado para o grande encontro comigo e com o próximo, o irmão. O cansaço tornou-se leve diante do que eu estava para viver e experimentar. Desde a saída para o Rio, a expectativa de todo o momento e sua grandiosidade até a chegada me fizeram refletir que eu tinha um destino, mas não sabia como seria nada, como por exemplo a hospedagem, a alimentação e demais logísticas e nem a que distancia ficaria de Copacabana onde se deram todos os acontecimentos grande Jornada Mundial da Juventude.
Logo ao chegar ao Rio, fomos informados de que o Santo Papa iria benzer um hospital, caminhamos disparados para lá sem conhecer o lugar e nem fazíamos idéia de como chegar. A solução era ir perguntando de estação em estação, até que chegamos e lá estávamos nós, tão somente e apenas três horas de espera e, pura emoção, debaixo de chuva e um frio que não é próprio do Rio. Mas o Calor Humano me fez viver o “Advento”. Ele estava para chegar a qualquer hora e passaria entre nós, no meio de nós, muito perto de nós. A convivência com o grupo de peregrinos se fez grande e forte e as novas amizades feitas naquele momento me fez perceber que éramos um só Povo, uma só Nação que aguardava ansiosos pela passagem do Pastor. Senti naquele momento que se minha Fé sempre me levou a acreditar que Jesus Cristo se faz presente na pessoa do outro, tive a certeza de que estava encarnado e muito presente na pessoa de Francisco, o Papa dos Pobres, como assim foi mencionado pela multidão que ali se fez presente.
Vários chavões ficarão de tudo o que ele disse e de tudo o que a ele foi atribuído. Ficou para mim como exemplo a ser seguido e vivido, que ele não trouxe nem ouro e nem prata, mas, trouxe a riqueza do mundo, a Palavra de Deus.
Não posso deixar de descrever a experiência vivida em Copacabana, não havia levado saco de dormir, e aí, como passar a noite? Lembrei-me das conversas que tive algumas vezes com os nossos irmãos que vivem nas ruas e, ao perguntar como faziam para suportar o frio das madrugadas me disseram temos jornal que o povo deixa e os papelões que pegamos nos comércios e como Deus é Providência nem precisou ir a um comercio buscar, pois o mesmo foi encontrado em meio a multidão e bem ali perto de onde demarcamos um espaço, senti que Deus estava presente e se fez um de nós. Me veio então à mente a parábola de Jesus da casa construída sobre a areia, que vem o vento e a carregava dali. Foi diferente, pois a areia serviu-me de ‘abrigo”, foi minha casa por uma noite. Naquele momento, para mim se deu a conversão. Pensei, amanhã eu levantarei e terei uma alimentação certa, terei um lar à minha espera, e nossos irmãos que a única certeza que tem é o amor de Deus para com eles, porque nada mais lhes pertence. Então surgiu uma força que não sei de onde veio, eu que sempre tive dificuldades para ajoelhar, fiquei ali por um tempo indeterminado sem perceber que os meus joelhos já estavam calejados, então ali, "com os discípulos da JMJ”, a Transfiguração aconteceu não no monte, mas nas praias de Copacabana.

Irmã Sandra Lúcia Ferreira, Sch. P.